A ética é um tema recorrente em todas as profissões, porque diz respeito ao conjunto de princípios morais que devem ser observadas durante o exercício profissional. Portanto, o ambiente acadêmico torna-se um espaço ideal para refletir sobre a ética, e, no caso, do jornalismo, os fatos reais se apresentam como instrumentos de estudos, críticas e reflexões, a fim de que os estudantes possam ter contato com situações que em algum momento poderão ser vivenciadas no mercado de trabalho. Foi esse o intuito do debate que encerrou os trabalhos da disciplina de Ética Profissional do 8° período do curso de jornalismo da Funorte, no último dia 30, no Campus São Luiz. Segundo a professora da disciplina, Ana Karienina Risério, analisar os fatos reais que ocorrem na imprensa é uma oportunidade de promover a consciência crítica e a consciência ética nos futuros profissionais:
- Através dos erros já cometidos, podemos aprender um pouco mais sobre a nossa profissão e se não aprendemos como fazer de forma perfeita, aprendemos como não fazer – afirma a professora, que também é jornalista formada pela PUC Minas.
A atividade não só privilegiou fatos reais como também os fatos locais, que, de acordo com a jornalista, ajudaram a trazer o debate para mais próximo da realidade local.
Ao todo foram cinco casos analisados, sendo um deles o Caso Fredi Mendes, que aconteceu em Montes Claros e que, segundo Karienina, a partir dele os acadêmicos conseguiram acompanhar o desenrolar dos fatos.
- E mais, eles puderam perceber que a imprensa pode errar em qualquer lugar e que é preciso estar atento sempre para evitar erros. Além disso, o caso Fredi Mendes é mais recente e o fato do próprio Fredi estar presente enriqueceu bastante o debate, pois mostrou não apenas o lado da imprensa, que cometeu erros, mas também da vítima – complementa a jornalista.
O jornalista Fredi Mendes, que está sendo acusado de cometer pedofilia, participa de debate com acadêmicos e profissionais de jornalismo sobre a ética na imprensa.
Preso pela Polícia Federal em 24 de junho deste ano, suspeito de pedofilia, o jornalista Fredi Mendes diz que ficou satisfeito com atuação da imprensa na cobertura do seu caso, mas afirma que os jornalistas poderiam ter ido além das informações passadas pelo Delegado da PF, Fernando Bonhsack, que na época era a fonte oficial do caso. O jornalista ainda acusou que um veículo de comunicação tentou transformar um caso de "polícia" em caso "político".
- A imprensa noticiou a minha prisão de forma correta. Eu que já fui editor-chefe da Intertv, teria dado mesmo destaque ao fato. É obrigação do jornalista, do bom jornalista, diga-se de passagem, informar de forma correta e imparcial, doa a quem doer. E outra, não é todo dia que um jornalista conhecido é preso acusado de pedofilia – diz o jornalista Fredi Mendes.
Ele ainda destacou que foi interessante o fato de alguns veículos terem ouvido a posição dele e a do veículo onde ele trabalha, a Revista Tempo, para a qual ele fez em 2008 uma reportagem sobre pedofilia. E diante desse fato ele questiona:
O encontro ainda contou com a presença do acadêmico Rubens Santana, que na época cobriu o “Caso Fredi Mendes” pelo O Norte de Minas; da jornalista Viviane Carvalho e da Presidente da Casa da Imprensa do Norte de Minas, Felicidade Tupinambá.
O LADO BOM DA PRISÃO
Quem conhece o jornalista Fredi Mendes sabe que ele é do tipo que “perde o amigo, mas não perde a piada”, nem quando é consigo mesmo. Ele afirma que debater ética na comunicação e no jornalismo investigativo com estudantes de jornalismo foi uma experiência fantástica e solta:
- Se eu não tivesse sido preso, com certeza não teria sido chamado para participar do evento, mesmo muito deles sabendo a forma como trabalho. (risos).
Além disso, os 77 dias que o jornalista passou na prisão, segundo ele, serviram de troca de experiências e informações e de motivação para escrever um livro:
- Vai se chamar 77 DIAS. Nele vou falar o que aconteceu comigo, meus dias na prisão, como foi o processo de apuração das minhas reportagens sobre pedofilia, irei ouvir outros profissionais da imprensa que enfrentaram o mesmo problema que eu e, principalmente, deixar claro que não existem fórmulas na busca pela notícia, pela informação exclusiva, a não ser coragem e muita força de vontade - conta Mendes, que aguarda o julgamento e que diz confiar na decisão final da Justiça.
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